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Em 1969, Neil Young estava surfando una buena onda, como diriam nossos hermanos. Após o fim do Buffalo
Springfield, na metade de 1968, o músico canadense sacudiu a poeira e seguiu em
frente, trabalhando incansavelmente em busca de reconhecimento.
Além de se juntar ao supergrupo Crosby,
Stills and Nash, o guitarrista lançou nada menos que dois discos em 1969: o
primeiro, intitulado simplesmente Neil
Young, foi sua estreia solo, gravado ainda em 68. Meses depois, ele já
estava pronto para mais um registro: entre janeiro e março de 69, juntou-se
pela primeira vez ao Crazy Horse – banda formada por Danny Whitten na guitarra,
Billy Talbot no baixo e Ralph Molina na bateria – para gravar Everybody Knows This is Nowhere.
Indiscutivelmente um dos melhores discos da
carreira de Young, Everybody... abre
com “Cinnamon Girl”, uma composição simples e com a pegada que caracterizaria
os grandes momentos de sua música, mesclando a sujeira do rock de garagem com a
suavidade do country. A letra fala de uma suposta admiradora da banda e da vida
de um grupo de rock.
Após a faixa-título e a delicada “Round and
Round”, em que Young divide os vocais com a ex-namorada Robin Lane, vem um dos
grandes clássicos do mestre: “Down By The River”, um épico guitarrístico de 9
minutos em que o músico desfila todo seu estilo e mostra ao mundo o que é capaz
de fazer com a Old Black – guitarra adquirida no ano anterior e que se tornaria
marca registrada de Young ao longo dos anos. “Toquei a Old Black em todas as
faixas que pediam guitarra elétrica”, escreveu em sua autobiografia, editada no
Brasil pela Globo Livros, a respeito de Everybody
Knows this is Nowhere.
Sobre a desconcertante frase “eu dei um
tiro no meu amor”, Young fez questão de deixar claro que a letra não deveria
ser interpretada literalmente. No livro Neil
Young, a história definitiva de sua carreira musical, de Johnny Rogan, o
compositor defende a ideia de que a letra diz respeito a uma ruptura, ao fim de
um relacionamento. “É um apelo, um grito de desespero”, revelou Young.
Clique no play para ouvir o disco
O lado B é igualmente inspirado. A country
“The Losing End” traz mais uma triste história de um amor que não termina bem.
“Running Dry (Requiem for the Rockets)” começa com mais lamentações – mas desta
vez não é Young quem se deprime sozinho. O violino de Bobby Notkoff dá o tom da
canção, antes do cantor iniciar os versos lamuriosos em que pede ajuda por
estar vivendo sozinho e precisar conversar com alguém.
Para fechar o disco em alta, mais um
clássico eterno da carreira de Young: “Cowgirl in the Sand”, outra faixa épica
– desta vez com mais de 10 minutos de duração – que mostra todo o poder de fogo
da Crazy Horse. Poder esse que ainda seria evidenciado mais de uma dezena de
vezes em disco e em centenas de shows mundo afora – inclusive com uma
apresentação histórica no Rock in Rio de 2001.
A canção é uma das quatro do álbum – ao
lado de “Everybody Knows this is Nowhere”, “Cinnamon Girl” e “Down by the
River” – que foram escritas por Young no mesmo dia, com o músico sofrendo uma
febre de 39,5 °C. Imagina do que ele não é capaz quando está com a saúde em
dia.
O disco foi produzido por Young e David
Briggs – o segundo de uma parceria de longa data, que durou até a morte do
engenheiro de som, em 1995. Foram 19 trabalhos realizados juntos, sendo o mais
recente Hitchhiker, gravado em 1976,
mas lançado apenas em 2017.
* Texto em celebração aos 50 anos de lançamento do álbum, em 2019.
* Texto em celebração aos 50 anos de lançamento do álbum, em 2019.